Um tribunal coreano decidiu, nesta quinta-feira, 19, que não seria necessário manter Jay Y. Lee preso, permitindo que o chefão da Samsung voltasse para casa depois de passar a noite em um centro de detenção enquanto a corte deliberava sobre o assunto.

Jay é vice-chairman da Samsung. Seu pai, Lee Kun-hee, é o chairman da companhia, mas, como está incapacitado devido a um ataque do coração sofrido em 2014, ele teve os poderes transferidos para o filho.

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A promotoria pediu sua prisão sob a acusação de que o executivo teria subornado a ex-presidente coreana Park Geun-hye para receber apoio governamental em um plano de unir duas afiliadas da Samsung em 2015. Jay teria instruído subsidiárias da Samsung a fazerem doações multimilionárias à família de Choi Soon-sil, que é confidente da ex-presidente, e a duas fundações controladas pela mesma Choi.

Ao anunciar sua decisão sobre o pedido de prisão, o juiz responsável pelo caso deixou claro que ele se referiria ao momento atual, ou seja, o chefe da Samsung ainda pode acabar preso no futuro. “Depois de analisar os conteúdos do processo da investigação até agora, (…) fica difícil reconhecer a necessidade e substancialidade de uma prisão no estágio atual”, escreveu, segundo reporta a Reuters.

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Mas Jay não é o único medalhão da Samsung na mira da promotoria, que diz ter evidências sobre falcatruas cometidas por outro vice-chairman do Samsung Group, Choi Gee-sung, além de seu adjunto, Chang Choong-ki, e um executivo da Samsung Electronics, Park Sang-jin.

Ligação da Samsung com um impeachment

O caso em questão é desdobramento de um enorme escândalo de corrupção que levou ao impeachment da ex-presidente coreana em dezembro passado (saiba mais).

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Investigadores afirmam que Park Geun-hye, então no comando do executivo, e Choi Soon-sil conspiraram para obter milhões não só da Samsung, mas de várias outras companhias locais, grande parte delas controladas por famílias poderosas no país. Em novembro, promotores indiciaram Choi por ter coagido 53 grandes negócios a doarem o equivalente a US$ 69 milhões a duas fundações em seu nome.

A Samsung foi quem deu a maior contribuição: além de doar um total de US$ 17 milhões às fundações, a empresa ainda assinou um contrato de US$ 18 milhões com uma companhia de gerenciamento esportivo alemã que era controlada por Choi. A Samsung também repassou US$ 1,3 milhão a um programa de esportes de inverno tocado por Choi e seus netos.

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No mês passado, Jay Y. Lee afirmou, em depoimento, que não estava envolvido nas decisões que culminaram em tais doações. O vice-chairman também argumentou que os repasses eram involuntários, indicando que a Samsung não seria participante do esquema de suborno, e sim vítima de extorsão. A promotoria, entretanto, diz não estar convencida.